Como saber se um alimento é ultraprocessado?
Neste vídeo, a nutricionista, mestre e doutora em nutrição em saúde pública e professora associada do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Daniela Canella explica como saber se um alimento é ultraprocessado.
“Os ultraprocessados são formulações industriais feitas, principalmente, com ingredientes que não são alimentos in natura ou minimamente processados, que são aqueles que tradicionalmente fazem parte da nossa alimentação: arroz, feijão, carne, frutas, hortaliças. Esses fazem parte, quando fazem, em pequena parte, dos ultraprocessados. Uma forma operacional de identificar esses alimentos é a partir da lista de ingredientes que está presente no rótulo. Então, a presença de aditivos alimentares, principalmente aqueles que têm como objetivo mudar características sensoriais: conferir sabor, aroma, textura para esses alimentos; mas também ingredientes desconhecidos, de uso da indústria exclusivamente, como: lecitina de soja. Enfim, outros componentes de alimentos são uma forma de identificar os ultraprocessados. Então, o rótulo desses alimentos vai ser a melhor forma, para o consumidor poder identificá-los.
Nós conduzimos um estudo recente avaliando rótulos de quase 10 mil alimentos que estavam disponíveis em supermercados para comercialização, e o que a gente pôde observar é que, além desses marcadores de ultraprocessamento, investigamos, neste caso específico, o uso de aditivos com funções cosméticas, além disso, 99%, praticamente, dos ultraprocessados tinham também altos teores de: ou açúcar, ou sódio, ou gordura, ou a presença de edulcorantes e adoçantes que também são um tipo de aditivo. Essa é uma forma prática de identificar esses alimentos: ter a presença de aditivos alimentares ou ter a presença de algum nutriente crítico, esses três que eu mencionei: açúcar, gordura e sódio são nutrientes importantes que estão relacionados com a ocorrência de doenças crônicas. Isso ajudaria as pessoas a identificarem os ultraprocessados.
Mas isso também é importante para os formuladores de políticas públicas, que precisam ter definições palpáveis e operacionais para incluir isso nas regulamentações que apontam a restrição de comercialização, de disponibilidade ou alguma outra restrição relacionada aos ultraprocessados”, disse.
Canella é pesquisadora convidada da Cátedra J. Castro/USP (Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis), um dos parceiros do Nexo Políticas Públicas.