PERGUNTAS QUE A CIÊNCIA JÁ RESPONDEU

O papel do metano no aquecimento global e a COP26

Eduardo Müller Casseres e Roberto Schaeffer 17 de Janeiro de 2022 (atualizado 11 de Dezembro de 2024)

FOTO: Abstract Aerial Art/Getty Images/Ilustração: Sariana Fernández

Reduzir a quantidade de metano na atmosfera é estratégico do ponto de vista da velocidade de aquecimento do planeta. Compromisso firmado em Glasgow é um bom início

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Os impactos cada vez mais claros da mudança global do clima vêm chamando a atenção para a necessidade de redução profunda das emissões de dióxido de carbono (CO2). Apesar de dominar o efeito de aquecimento do planeta, o CO2 não é o único gás de efeito estufa emitido por atividades humanas. Metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e outros gases menos relevantes também contribuem para o aumento da temperatura média global.

O metano, em particular, é a segunda fonte mais importante de aquecimento , atrás apenas do CO2. Emitido em grandes quantidades por diversos setores da economia, o CH4 se destaca pelo elevado potencial de retenção de calor se comparado ao CO2, sobretudo ao longo dos primeiros anos após sua liberação na atmosfera.

Se, por um lado, a COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) frustrou expectativas por políticas climáticas mais ambiciosas, alguns compromissos importantes foram firmados durante a conferência. Um deles é o Compromisso Global do Metano (Global Methane Pledge) .

1. O quanto o metano aquece o planeta?


A quantidade de CH 4 na atmosfera é bastante inferior à de CO 2. Enquanto a concentração do CO 2 é reportada em partes por milhão (ppm), a concentração de CH 4 é tipicamente medida em partes por bilhão (ppb), unidade mil vezes inferior. No entanto, essa quantidade vem crescendo rapidamente desde a revolução industrial...

2. Qual é a origem das emissões de CH4?


Há emissões de CH 4 de origem natural e antrópica...

3. O Brasil está entre os grandes emissores?


Conforme mostra a figura 4

4. O que é o Compromisso Global do Metano?


O Compromisso Global do Metano é uma iniciativa conjunta dos Estados Unidos e da Europa, proposta em setembro de 2021 durante o MEF ( Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, na sigla em inglês) , que visa a uma redução de pelo menos 30% no montante global de emissões de CH 4 em 2030 (em comparação com 2020).

Durante a COP26 em Glasgow (novembro de 2021), esse compromisso de redução de emissões foi assinado por mais de 100 países , incluindo o Brasil , tendo sido considerado um dos resultados mais positivos da conferência.

Ocorre que, considerando-se os signatários atuais, o compromisso cobre apenas metade das emissões globais de CH 4. China , Rússia e Índia , por exemplo, ainda não se comprometeram com a redução proposta.

...

5. O Compromisso Global do Metano é ambicioso?


Sem dúvida, o Compromisso Global do Metano é uma iniciativa importante para ajudar a desacelerar o aumento de temperatura do planeta, estabilizá-la, e eventualmente até reduzi-la...


Eduardo Müller Casseres é engenheiro eletricista pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), engenheiro generalista pela Ecole des Mines de Douai e mestre em planejamento Energético pela COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da UFRJ). Atualmente, é doutorando na mesma instituição, além de atuar como pesquisador visitante na Agência de Avaliação Ambiental dos Países Baixos e como cientista assistente do AR6, o sexto relatório de avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Desenvolve sua pesquisa na área de modelagem energética e mitigação climática.
Roberto Schaeffer é engenheiro eletricista pela UFPR (Universidade Federal do Paraná) e doutor em políticas energéticas pela Universidade da Pensilvânia, nos EUA. É professor titular do PPE/COPPE/UFRJ (Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atua nos relatórios de avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) desde 1998, sendo um dos cientistas contemplados com o Prêmio Nobel da Paz de 2007 pelas contribuições da pesquisa. Desde 1998, é editor-associado da revista científica Energy.