Nos últimos anos, a pressão social por ações de mitigação da mudança global do clima atingiu um patamar inédito. Cada vez mais, países, cidades e até mesmo empresas têm se comprometido a incorporar a questão climática em seu planejamento. Frequentemente, tais compromissos se baseiam em metas de atingimento da condição de net zero (ou emissões líquidas iguais a zero) em 2040, 2050, 2060 ou 2070.
Apesar de amplamente difundido, o termo net zero ainda gera confusão. É possível pensar em net zero CO2 ou net zero GEE (gases de efeito estufa), sem falar no controverso uso do termo neutralidade de carbono. A métrica net zero aponta para a direção correta, mas tem se mostrado insuficiente para embasar políticas públicas ou estratégias corporativas efetivas de redução de emissões.
Conforme veremos a seguir, a ciência atual não se preocupa preponderantemente com a data em que o mundo atingirá a condição de net zero, mas sim com o valor do orçamento remanescente de carbono. Vejamos o porquê.