Existem diferentes maneiras de se fazer leituras de realidade. O conhecimento científico é uma delas. Não há como apontar qual recorte de realidade teria maior importância, mas a ciência segue sendo uma perspectiva hegemônica.
A ciência moderna e recente, da maneira como nós a conhecemos, interdita produções de seus predecessores e estabelece uma estrutura calcada na centralidade da produção de conhecimento que o hierarquiza e imprime uma relação racista no próprio estabelecimento de seu corpus. Os corpus de conhecimentos produzem símbolos específicos, com significações diferentes para cada grupo social. Destaco a diversidade de significações construídas pelo conhecimento científico, pelo conhecimento tradicional e pelo conhecimento religioso.
A marca do conhecimento científico é ser um conhecimento simbólico por natureza, como todas as matrizes de pensamento, mas esta marca é socialmente negociável. Não por acaso, o conhecimento produzido e ensinado dentro das instituições escolares no nosso país é um conhecimento branco, eurocêntrico, hegemônico, produzido principalmente por homens. E, ainda, é um conhecimento entendido como universal e verdadeiro: “a” verdade absoluta.