O processo de redemocratização do Brasil nos anos 1980 perpassou por um cenário de articulação de disputas políticas. O período de elaboração de uma nova Constituição Federal foi o momento ideal de expor as principais reivindicações de grupos, como de pessoas negras e mulheres, que foram excluídos tanto do processo de elaboração de leis durante muito tempo, como também viram o esvaziamento de suas pautas, fundamentais para garantia da cidadania plena e na promoção dos direitos fundamentais.
É nesse contexto que se dá a criaçãoda FCP (Fundação Cultural Palmares), atendendo a reinvincações dos movimentos negros em ter um mecanismo dentro de Estado para apreservação e a valorização da cultura Afro-Brasileira. Desde sua criação, a Fundação Palmares atuou de forma assertiva em diversas pautas, como a certificação de comunidade quilombolas, a elaboração do Estatuto da Igualdade Racial, o incentivo para projetos que valorizassem a cultura Afro-Brasileira, entre outras ações que impulsionaram a atuação do movimento negro nas instituições.
Os tensionamentos dentro da FCP (Fundação Cultural Palmares) antecedem a gestão de Jair Bolsonaro, tendo se iniciado ainda na gestão de Michel Temer, que além de não compor um ministério que tratasse da igualdade racial, extinguiu o Ministério da Cultura, que alocava a Fundação Palmares. Com a chegada de Jair Bolsonaro ao executivo federal em 2019, as tensões externas e internas da Fundação Palmares se intensificaram, chegando ao seu ápice quando o jornalista Sérgio Camargo assumiu sua presidência. Sua gestão foi marcada pelas declarações polêmicas, conflitos e a ausência do diálogo entre a Fundação e os movimentos negros, algo que acontecia regularmente desde a criação da FCP. As pautas antirracistas, de preservação e valorização da cultura Afro-Brasileira foram alteradas pela Fundação Palmares, que passou a questionar o protagonismo de heróis e heróinas negros da história do Brasil, como também o ataque direto a grandes personalidades contemporâneas.
Essa linha do tempo tem como objetivo apresentar a atuação da Fundação Cultural Palmares ao longo de sua história, apresentando seus dirigentes e principais ações conduzidas por cada um deles, bem como a importância da FCP para a garantia de políticas de igualdade racial. A linha se inicia com a criação da FCP e chega até a gestão de Sérgio Camargo, o qual direciona a Fundação para o lado oposto de seus objetivos e valores, desfavorecendo todo processo de luta e resistência construído dentro da Fundação nas gestões anteriores.